quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Cromo da semana - 3



Santo António de Lisboa, de Pádua, de Lisboa, de Pádua, de Lisboa, de Pádua, de Lisboa ...

Santo António nasceu em Lisboa, provavelmente a 15 de Agosto de 1195, numa casa junto das portas da antiga cidade (Porta do Mar), que se pensa ter sido o local onde, mais tarde, se ergueu a Igreja em sua honra.

Tendo então o nome de Fernando de Bulhões, fez na vizinha Sé os seus primeiros estudos, tomando mais tarde, em 1210 ou 1211, o hábito de Cónego Regrante de Santo Agostinho, em São Vicente de Fora, pela mão do Prior D. Estêvão.

Ali permaneceu até 1213 ou 1214, data em que se deslocou para o austero Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, onde realizou os seus estudos superiores em Direito Canónico, Ciências, Filosofia e Teologia.

Segundo a tradição, talvez um pouco lendária, o Santo tinha uma memória fora do comum, sabendo de cor não só as Escrituras Sagradas, como também a vida dos Santos Padres.

As relíquias dos Santos Mártires de Marrocos que chegaram a Coimbra em 1220, fizeram-no trocar de Ordem Religiosa, envergando o burel de Frade Franciscano e recolher-se como Eremita nos Olivais. Foi nessa altura que mudou o seu nome para António e decidiu deslocar-se a Marrocos, onde uma grave doença o reteve todo o inverno na cama. Decidiram os superiores repatriá-lo como medida de convalescença.

Quando de barco regressava a Portugal, desencadeou-se uma enorme tempestade que o arrastou para as costas da Sicília, sendo precisamente na Itália que iria revelar-se como teólogo e grande pregador.

Em 19 de Março de 1222 em Forli, falou, perante religiosos Franciscanos e Dominicanos recém ordenados sacerdotes e, tão fluentemente o fez que o Provincial pensou dedicá-lo imediatamente ao apostolado.

Fixou-se em Bolonha onde se dedicou ao ensino de Teologia, bem como à sua leitura. Exercendo as funções de pregador, mostra-se contra as heresias dos Cátaros, Patarinos e Valdenses. Seguiu depois para França com o objectivo de lutar contra os Albijenses e em 1225 prega em Toloso. Na mesma época foi-lhe confiada a guarda do Convento de Puy-en-Velay e seria custódio da Província de Limoges, um cargo eleito pelos Frades da região. Dois anos mais tarde instalou-se em Marselha, mas brevemente seria escolhido para Provincial da Romanha.

Assistiu à canonização de São Francisco em 1228 e deslocou-se a Ferrara, Bolonha e Florença. Em 1231, e após contactos com Gregório IX, regressou a Pádua, sendo a Quaresma do ano seguinte marcada por uma série de sermões da sua autoria.

Morreu em 1231 no Oratório de Arcela.

O facto de ter sido canonizado um ano após a sua morte, mostra-nos bem qual a importância que teve como Homem, para lhe ter sido atribuída tal honra. Este acto foi realizado pelo Papa Gregório IX, que lhe chamou "Arca do Testamento".

Considerado Doutor da Igreja e alvo de algumas biografias, todos os autores destas obras são unânimes em considerá-lo como um homem superior.

No século XIII Santo António já era patrono de cerca de quarenta Igrejas em Portugal. Não se sabe exactamente quando o culto foi divulgado no nosso país.

Segundo a tradição, quando Gregório IX, no dia 30 de Maio de 1232, em Espoleto, procedia à canonização de Santo António, os sinos tocavam à mesma hora em Lisboa, sendo isso considerado como um sinal sobrenatural.

O povo tomou para si este Santo, que se tornou, no século XVI, o Santo Nacional dos Portugueses, mas moldou-o às suas próprias necessidades. Aparece nos altares das Igrejas com diversos atributos: protector da cidade, das casas e das famílias, advogado das almas do purgatório, advogado dos bons casamentos, protector dos animais, fazedor de milagres, advogado dos objectos perdidos, ajudante dos que combatem, curador dos doentes, protector dos náufragos, aquele que livra os homens das tentações demoníacas.

Digam o que disserem os italianos, Santo António é de Lisboa e não se fala mais nisso!
Podes ler mais sobre o nosso cromo aqui.